Desde o início do ano, uma frase que mais tem se lido e escutado bastante é de que “o Brasil voltou”. E fica o questionamento: para onde? Normalmente o enunciado é usado para elogiar feitos da nova gestão nacional. O que há, no entanto, para se comemorar na prática? É preciso reconhecer avanços, mas também estar atento e cobrar os erros.
Mais de um terço do ano já se passou. O caminho percorrido até aqui não foi dos mais fáceis, é verdade. Reconstruir um país após o maior desastre sanitário da história é tarefa árdua, já iniciada pelo governo anterior. Há muito trabalho a ser feito em diversas frentes. A primeira a ser citada costuma ser a Economia. Bom, as projeções não são das mais animadoras. O mercado financeiro estima que, em 2023, o Brasil cresça menos de 1% - marca bem abaixo dos 2,9% do ano anterior. Digamos que esse é um “nó” a ser desatado, talvez um maior desafio da atual gestão.
Estimular a economia não é apenas agradar ao mercado financeiro ou às elites, mas fazer toda uma engrenagem voltar a girar com força, como deve ser. Bom lembrar que as classes mais baixas podem ter mais impacto nesse contexto, já que movimentam a economia de forma mais capilar, desde os pequenos comércios até as lojas de departamentos. Para isso, no entanto, é preciso haver estímulo ao consumo, e nada melhor para isso do que preços menores.
Em outras frentes, é válido reconhecer positivas e importantes mudanças de postura do Governo Federal. Em áreas como Saúde, Cultura, Educação e Direitos Humanos, temos tido iniciativas e decisões mais acertadas. A ciência e a pesquisa (tão importantes na área da saúde) não podem mais ser tratadas sob prismas ideológicos, mas devem ter seu papel reconhecido como motores de desenvolvimento e inovação. Cultura e educação fazem parte da formação histórica de uma nação e, como tal, precisam ser exaltadas, fomentadas e incentivadas. Ademais, o respeito, a inclusão e o pensamento de abranger todo e qualquer cidadão nas iniciativas governamentais deve ser premissa.
Temos um país continental ainda “capenga” em diversos aspectos. Desenvolver ações que abarquem todos os desafios nacionais é tarefa que deve ser enfrentada com seriedade, honestidade e, acima de tudo, pensamento coletivo. Só aí poderemos dizer – ou não – que o Brasil voltou de fato. Por enquanto, parece que o país está voltando aos trilhos em algumas partes, mas em outras ainda se encontra um pouco perdido pelo caminho. Aguardemos e vigiemos.
